No texto de hoje, falaremos sobre uma brasileira que batalhou por seu espaço, construiu sua família, trabalha na área em que é apaixonada e indubitavelmente, teve sucesso em sua jornada.
Este é o segundo artigo mensal da ABRASCAT, nele evidenciamos a necessidade de ressignificar a palavra “sucesso”, visto que sucesso é uma coisa relativa e pessoal.
Débora Rangel Reichmann,37, gaúcha e natural de Porto Alegre, formada em técnica de radiologia, desembarcou no aeroporto El Prat, junto de sua filha Eduarda em 21 de março de 2006. A princípio, Débora somente estava com a ideia de passar umas boas férias na casa sua irmã que aqui vivia, porém, se apaixonou pelo verão de Reus e assim decidiu ficar.
Em seu primeiro ano, as dificuldades de adaptação ao idioma e os costumes locais foram o que mais a atrapalhou. Ela recorda que em seu primeiro emprego, onde trabalhava como empregada doméstica e babá, sofria xenofobia, pois sua chefe em questão, a tinha como pessoa subdesenvolvida achando que ela era analfabeta.
Mãe de Eduarda que chegou aqui com 4 anos (hoje com 19), sofreu para aprender a lidar com os problemas escolares de sua filha, pois não entendia o idioma. Mas seu professor e futuro padrasto Jaume foi seu braço direito, ensinando Débora a falar castelhano e catalão.
Quinze anos se passaram e com o tempo veio outro filho, Fernando de 5 anos possui autismo, um menino maravilhoso, muito amoroso, às vezes bagunceiro e teimoso. Por conta da hipersensibilidade auditiva e visual, Débora teve de reaprender a viver a rotina dentro das limitações de seu filho, como, por exemplo, a impossibilidade de utilizar eletrodomésticos básicos porque o ruído o afeta.
Hoje ela continua vivendo em Reus e trabalha como cuidadora em uma casa de idosos, profissional dedicada e muito amorosa com seus pacientes, participa de uma ação anual, onde a residência acolhe idosos em situação de rua no inverno. Débora diz que “a pandemia veio para mostrar que não somos nada, que uma coisa tão pequena como um vírus, pode acabar com a vida de milhões de pessoas. Pois, passamos uma vida inteira atrás de bens materiais e no final a única coisa que queremos é ter saúde”.
Para finalizar Débora deixa um conselho para aqueles que sonham em vir morar na Europa “Venha, porque sempre pode-se voltar, mas sabendo que o primeiro ano será uma piscina de lágrimas, no segundo estará um pouco mais adaptada e no terceiro já se sentirá em casa”. Débora também tem tempo de ser voluntaria da ABRASCAT, é um exemplo de perseverança, luta, humanidade e sobretudo esperança para todos que aqui estamos, não há dúvidas de que ela é uma brasileira de sucesso na Catalunha!
